sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Um conto...

E ali ficou observando a chama crepitar diante de si, sem saber onde começou nem quando terminaria. Só desejava misturar-se ás cinzas no final. As ondas molhavam seus pés, que um dia caminharam todo o mundo, mas que jamais encontraram seu próprio caminho. Olhava cada onda quebrar do mesmo modo que seus sonhos quebravam como um filme em sua mente. Sentia o vento esvoaçar seus cabelos e acariciar sua pálida pele levando com ele seu último pingo de sanidade. E de joelhos para o mar chorava sem cessar, como se a alma fosse lhe escapar pelos olhos. Ali ficaram suas lembranças, ali ficaram suas tristezas e alegrias. Despiu-se diante da cálida noite e entregou seu corpo ao mar... Seus cabelos moviam-se lenta e harmoniosamente sob as águas enquanto flutuava cantando uma bela canção final. A bruma da noite fazia o cenário, o fogo e as ondas entoavam sua canção. Como uma sereia flutuou no mar... Como um tesouro afundou... Fechando os olhos, abrindo a alma. Só a canção ecoou. E a noite silenciou. A chama se apagou.

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