sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Um conto...

E ali ficou observando a chama crepitar diante de si, sem saber onde começou nem quando terminaria. Só desejava misturar-se ás cinzas no final. As ondas molhavam seus pés, que um dia caminharam todo o mundo, mas que jamais encontraram seu próprio caminho. Olhava cada onda quebrar do mesmo modo que seus sonhos quebravam como um filme em sua mente. Sentia o vento esvoaçar seus cabelos e acariciar sua pálida pele levando com ele seu último pingo de sanidade. E de joelhos para o mar chorava sem cessar, como se a alma fosse lhe escapar pelos olhos. Ali ficaram suas lembranças, ali ficaram suas tristezas e alegrias. Despiu-se diante da cálida noite e entregou seu corpo ao mar... Seus cabelos moviam-se lenta e harmoniosamente sob as águas enquanto flutuava cantando uma bela canção final. A bruma da noite fazia o cenário, o fogo e as ondas entoavam sua canção. Como uma sereia flutuou no mar... Como um tesouro afundou... Fechando os olhos, abrindo a alma. Só a canção ecoou. E a noite silenciou. A chama se apagou.

Ao modo Alice

O que sou? Quem sou? Sei lá...Prefiro me descobrir todos os dias, quando perco meu olhar nas estrelas, quando me misturo entre as flores, quando me inundo com o sol, quando vôo ao escutar uma música. Quando sonho..seja de olhos abertos ou fechados.

Sou um paradoxo solto, perdido num mundo de idéias vez por outra antagônico.

Meu combustível infindável: o fio do meu pensamento que nem eu sei onde começa e muito menos onde vai terminar.

Já pensei ficar louca embaralhada com tantas perguntas e possíveis respostas que às vezes no segundo seguinte tornaram-se apenas tolices.

Sou uma hipérbole de mim mesma. Com tal exagero que me desconheço às vezes. Mas se eu não fosse esse exagero será que seria eu mesma? Ou seria apenas uma pessoa comum? Será que sou comum? Quem sabe o que é comum?

Enquanto pessoas viajam tranqüilas dentro de seu ônibus rotineiro rumo ao seu trabalho rotineiro, minha mente embarca em outra viagem dentro desta viagem.

Às vezes não consigo sair e me perco em mim mesma.

O que é certo? O que é errado? Afinal... Será que isto existe mesmo?

Falam por aí em trilhar caminhos retos... Eu prefiro os atalhos laterais, talvez levem ao mesmo fim, e posso ver outros visuais, sorrir de outro jeito. Mas e se ele não levar ao mesmo final? Ao fim da estrada? Será que era melhor eu pegar a estrada reta???

Mas... espere!!! Quem disse que eu quero chegar ao final? Eu não disse isso!

Todo mundo faz coisas pensando no final, e dizem que tudo tem um começo, um meio e um fim. Não sei disso não. Eu prefiro me perder no meio. Para que chegar ao fim? Prefiro me divertir no meio das coisas, na multidão. E se eu quiser para? Pego outro atalho, paro, sento no meio da minha floresta e silencio minha mente e assim não escuto mais nada, nem minhas pobres loucuras. Levanto-me e vou pulando para outro meio.

Aí certa vez ouvi: Mas a morte é o fim. E respondi: Você já morreu pra saber?

Bem, meu mundo é feito de possibilidades, excesso de pensamentos, explosões emocionais, idéias loucas... (Loucas? Mas quem sabe o q é loucura?). Pelo menos eu posso voar...

E eu sou um misto disso tudo.

Talvez nem exista um eufemismo para suavizar-me. Meu cérebro se resume numa fusão de surrealismo e realidade paralela, onde tudo é possível. Até você é possível...se é que me entende...

Antagônico

A felicidade é diferente pra mim.

A felicidade é diferente pra você.

Enquanto eu te procuro

Você se ocupa com outras coisas.

Quando você me procura

Talvez eu esteja pensando em outra coisa.

Você sente as coisas dentro de si e se sente possuído e satisfeito

Eu sinto-as da mesma forma

Mas coloco-as para fora do peito.

Enquanto pra você está completo

Pra mim faz falta.

Enquanto tento me esforçar

Você parece perfeito.

Quando eu penso em chorar

Você está rindo

Quando quero rir

Você não diz nada

Quero chegar mais perto...

Você corre sem perceber

Quando às vezes eu quero correr

Sua imagem me faz retroceder.

Enquanto me rasgo por dentro

Com meus tolos sentimentos

Você permanece inatingível e sereno.

Quando me afogo na embriaguez

Você continua sóbrio.

Nossas mãos andam juntas

Mas talvez nossos pensamentos não.

Quão antagônico somos nós.

Tão perto e tão distantes...

Tantas linhas retas, tantos nós.

Notas perfeitas, notas destoantes.

E assim o amor segue...

Numa luta incansável

Entre sonhos e realidade

Entre emoções e personalidade

Mas o q você sente d verdade?

Sentimento

Como é fácil
Te mostrar o que sinto
Muito mais que palavras tenho aqui dentro
Pra te mostrar que é real
O que você diria?
Feche seus olhos e abra seu coração
Toque-me e não me deixe ir, não
Estou pronta pra saber
Estou pronta pra você
O que eu posso tentar fazer
Pra você entender
Que nosso amor é o que há de ser
Que o que habita em mim
Habita em você
Que minha vontade não é mera paixão
Que não é leviano o meu coração
Vem adentrar no meu mundo
Vem viver ao meu lado
Respirar a alegria de ser amado
Se liberta dessa dor
E vem viver o meu amor
Ver que o sol que nasce nos meus olhos
Se põe no teu abraço
E assim habitando no meu ser
Sentir no peito que não vivo sem você.

Uma leitura

Quando aquelas duas lágrimas solitárias escorreram por sua face, ficou exposta a sua tristeza, a sua amargura. O som que saía de sua garganta já era irreconhecível, uma melodia perdida no vazio dos seus pensamentos. A expressão, como uma folha seca de outono. Murcha. O fosco dos olhos continuavam a fixar-se no nada e assim perder-se num imenso cenário de nada e tudo ao mesmo tempo. Tudo não passava de um grande barulho dentro e fora de si.

O corpo jogado em meio ás folhas mortas, sentindo uma brisa que não refrescava nem acariciava , deixando tudo imune a qualquer sensação a não ser a de existir. Nada se ouve, basta o silêncio da visão. Já não existe cor, já não existe nada. Só um vazio... A mãos já não tocam e são incapazes de apontar o céu. Seus dedos trêmulos assim ficam jogados, sem força. Uma fragilidade exposta. Um corpo á espera de um singelo toque quente para retomar a cor, para que o cenário s esclareça colorido e a vida volte a ser vida.

O incompreendido. O não-sentido. Há razão ou não? O que corre dentro do peito não tem direção, não tem rumo. è rotativo, gira num mesmo fluxo com as mesmas funções. Sentimento é racional, está no cérebro, sentimento que vem do coração é só um simbolismo, o coração só bate... Um poço sem fundo. Uma utopia que não se alcança. Uma quimera. O mundo se quebra em um ralo de esgoto, e nãos e pode catar todas as peças. Imcompleto. Não é possível montar o mundo, só conviver. O que é ser? Sou? O que? Não há o que se fazer. Sente-se neste cômodo vazio. As palavras saem e vou atrás delas como se tentasse catar mil pérolas espalhadas pelo chão, essa serve, essa não. Que confusão!

Vazio...A mão se estende, estou esperando...será? Quanta escuridão... A mão continua estendida, o olhar ansioso, o coração devagar e aflito á espera do que não se espera. Mudar? Aqui e lá? Sei lá... Será que nasce uma flor em um cacto tranquilo no meio do seu deserto de emoções não existentes?